sexta-feira, 30 de setembro de 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ontem


ante todo o silêncio, o grito.
o tempo não passou. itervalou. o espaço entre eles, num átimo de abismo, fez-se. e desfez-se. voltou a urdir, mesmo na impossibilidade de se encararem. transformou-se num ruído de vida. como se tudo – e digo absolutamente tudo - se resumisse num domingo calado de uma tarde cinza. (porque a vida emudece aos domingos, vale lembrar). 
o sol se pondo refletia na mesa encapada com uma toalha quadriculada-azul-bebê-que-doi-a-vida. puída e rasgada. a vida, digo, a toalha. 
era para ser assim?, perguntava-se. desde sempre?, continuava, num sem parar de indagações. 
como o sangue coagulado começasse a dissolver, mergulhou a mão na água fria da correnteza. de uma vida incerta.
baixou a cabeça e pensou pequenininho: "existiu primeiro um destino escolhido; existiu depois uma circunstância propícia". neste momento, o sangue voltou a escorrer de suas mãos. não sentiu nada, a não ser certo amortecimento nos lábios, que lhe roubava os minutos numa espécie de freio contínuo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

às 17h35


nunca soube ao certo em que momento um amor acaba. sempre ouvira uma corruptela atribuída ao chacrinha, de que só acaba quando termina. ou vice-versa, enfim. mas isso não era a metade da missa para ele, espécie de detetive do sentimento alheio. precisava quantificar, mensurar, botar a régua no holocausto. queria o laudo, para que, enfim - imaginava, crédulo como se aos 16 anos - pudesse purgar toda a dor. e finalmente seguir em frente. afinal, desde cedo decidiu que a alternativa era muito ruim.
-quando a gente sabe que acaba?
-só acaba quando termina
-e quando isso acontece?
-quando perde o sentido estar junto
-e em que momento a gente sabe isso?
-quando o sentido ficou na expectativa, no sonho, e tá longe do hoje.

botou um leonard cohen e foi dormir.